O problema da teologia da substituição

5 de novembro de 2015

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Neste texto queria analisar com vocês, amigos do Resistência Podcast, um dos dogmas da Igreja Católica Romana e também da maioria das Igrejas Evangélicas. Analisaremos diante das Escrituras se este dogma (ponto fundamental de uma doutrina religiosa ou filosófica, apresentado como certo e indiscutível) tem sustentação nas mesmas Escrituras Sagradas que os Pais da Igreja (católica) dizem se fundamentar. Não sou um Expert no assunto, mas com simplicidade e com análise modesta quero deixar alguns pontos para serem cuidadosamente pensados.

Todos são livres para crerem no que quiserem, porém isso não quer dizer que não seremos responsáveis por aquilo que cremos. O mesmo vale para qualquer atitude nossa. Seja ela em pensamento ou ação.  RM 2:6 / Pv 24:12 / Sl 62:12

Vamos aos pontos:

1 – Teologia da Substituição – Em resumo, é o pensamento de que a Igreja (Católica ou Protestante) é o “novo Israel de Deus” ou como muitos dizem, o Israel Espiritual.

2 – Como se originou esse pensamento que posteriormente foi colocado como dogma principalmente na formação da maioria do cristianismo que conhecemos hoje:

Os chamados “pais da igreja” na tentativa de apagar as raízes judaicas da fé cristã, desenvolveram uma feroz perseguição intelectual ao povo judeu; e esta animosidade é visivelmente refletida nos escritos destes primeiros pais da Igreja cristã.

  • Observe o que falaram alguns dos considerados pais da igreja (aliás, sempre achei estranho chamar de pais da igreja homens que não eram apóstolos de Cristo. Me refiro aos que Ele constituiu como apóstolos. Não foram os apóstolos que lançaram os fundamentos da Comunidade do Messias?):
  • Justino Martir (160 D.C.) falando a um Judeu disse:“As escrituras não pertencem a vocês, mas a nós.”
  • Irineu bispo de Lyon (177 E.C.) declarou:“Os Judeus foram deserdados da graça de Deus.”
  • Tertuliano (160-230 E.C.), em seu tratado “contra os Judeus”, anunciou que Deus havia rejeitado os Judeus em favor dos Cristãos.

Esta teoria se tornou uma das principais fundações sobre as quais o anti-semitismo cristão se baseou, até mesmo nos dias de hoje.

O problema desse ensino dos chamados “pais da igreja” é que bate de frente, colidindo  com vários ensinos claros das Escrituras a respeito de Israel como povo/nação escolhido por Deus, vou deixar registrados aqui apenas alguns:

1- Jeremias, justamente no texto onde Deus anuncia a nova aliança profeticamente, nos diz o seguinte: Jr 31:31 Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Veja que no anuncio da nova aliança, quem está como sujeito ou objetivo primordial é a casa de Israel e Judá, ou seja o povo de Israel. Claro que através de Cristo esta aliança foi estendida a todas as nações, porem não podemos de maneira nenhuma excluir o povo judeu como vimos nas declarações dos chamados “pais da igreja. É muito obvio chegar a esta conclusão, porém por incrível que pareça hoje em dia é muito fácil ouvir pessoas dizendo que a igreja é o novo Israel de Deus, ou o Israel espiritual. Novo? Espiritual? Onde se acha a base dessa afirmação? Não sei.

Prosseguindo com o mesmo texto de Jeremias vemos Deus colocando a sua fidelidade diante desta promessa feita a Israel, que por graça dEle chegou também a nós, como veremos posteriormente:

Assim diz o Senhor, que dá o sol para luz do dia, e as ordenanças da lua e das estrelas para luz da noite, que agita o mar, bramando as suas ondas; o Senhor dos Exércitos é o seu nome.

Se falharem estas ordenanças de diante de mim, diz o Senhor, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre.
Jeremias 31:35,36

Impressionante hein!! pra mim o texto está claro. E Ele continua:

Jr: 37  – Assim disse o Senhor: Se puderem ser medidos os céus lá em cima, e sondados os fundamentos da terra cá em baixo, também eu rejeitarei toda a descendência de Israel, por tudo quanto fizeram, diz o Senhor.

Desculpem a ironia, mas acho necessária para chamar nossa atenção ao assunto. Acho que os pais da igreja “passaram direto” neste texto.

Teríamos muitos outros textos, porém utilizando os profetas fico nesse momento só com este. Vamos agora pra os escritos dos apóstolos, pra ninguém achar que o assunto está só no antigo testamento. Também vou ser simples, utilizarei o texto de Paulo, o apóstolo aos gentios:

Que vantagem há então em ser judeu, ou que utilidade há na circuncisão?

Muita, em todos os sentidos! Principalmente porque aos judeus foram confiadas as palavras de Deus.
Que importa se alguns deles foram infiéis? A sua infidelidade anulará a fidelidade de Deus?
Romanos 3:1-3

Perceberam a enfase de Paulo? Ao povo judeu foi confiada a palavra de Deus (Em outras traduções diz, os oráculos ou as revelações de Deus). Se fomos sinceros ao analisar o chamado Novo Testamento veremos que ele foi escrito em sua grandíssima maioria por Judeus discípulos do Messias,  goste você ou não! Se não me engano apenas Lucas era gentio, e mesmo assim escreve registrando as palavras dos discípulos judeus do Messias Judeu. Gostem os pais da igreja e teólogos de todas as gerações, ou não, é o que está claramente escrito. O nosso problema é que achamos que todo Israel foi infiel, mas como vemos no texto de romanos citado acima, Paulo afirma que alguns foram infiéis. Deus sempre preservou um remanescente, isso infelizmente é pouco considerado nos nossos dias.

Continuando com Paulo, um dos remanescentes pela graça de Deus:

Rm 11:1 – Pergunto, pois: Acaso Deus rejeitou o seu povo? De maneira nenhuma! Eu mesmo sou israelita, descendente de Abraão, da tribo de Benjamim.

Deus não rejeitou o seu povo, o qual de antemão conheceu. Ou vocês não sabem como Elias clamou a Deus contra Israel, conforme diz a Escritura?

“Senhor, mataram os teus profetas e derrubaram os teus altares; sou o único que sobrou, e agora estão procurando matar-me”.
E qual foi a resposta divina? “Reservei para mim sete mil homens que não dobraram os joelhos diante de Baal”.
Assim, hoje também há um remanescente escolhido pela graça.
Romanos 11:2-5

O texto é claro. Deus não rejeitou Israel. Muitos podem ter usado esse texto em outro sentido mas o que Paulo está dizendo é que Deus não escolheu os remanescentes de Israel pelas obras e sim pela graça, ou seja, a decisão favorável dEle, mesmo que este povo não merecesse, observe:

E, se é pela graça, já não é mais pelas obras; se fosse, a graça já não seria graça.

Que dizer então? Israel não conseguiu aquilo que tanto buscava, mas os eleitos o obtiveram. Os demais foram endurecidos,
como está escrito: “Deus lhes deu um espírito de atordoamento, olhos para não ver e ouvidos para não ouvir, até o dia de hoje”.
Romanos 11:6-8

Vou mais adiante. Paulo diz que a atual dos que estavam e estão endurecidos com o objetivo da salvação chegar aos gentios, qualquer um que com sinceridade ler o evangelho vai perceber que através da dureza do coração de alguns israelitas, a salvação chegou às nações. Considere isso amigo, Deus usou em seu favor:

Novamente pergunto: Acaso tropeçaram para que ficassem caídos? De maneira nenhuma! Ao contrário, por causa da transgressão deles, veio salvação para os gentios, para provocar ciúme em Israel.

Mas se a transgressão deles significa riqueza para o mundo, e o seu fracasso, riqueza para os gentios, quanto mais significará a sua plenitude!
Romanos 11:11,12

E continua Paulo com seu impressionante pensamento:

Rm 11:15 – Pois se a rejeição deles é a reconciliação do mundo, o que será a sua aceitação, senão vida dentre os mortos?

Ao contrario do que a teologia da substituição diz, nós deveríamos seguir o conselho do Apóstolo Paulo, entendendo que através dos ramos ou galhos que foram cortados, surgiu a possibilidade de participarmos da mesma árvore que ele chama de oliveira, por meio de um enxerto. Em efésios ele diz: 13 Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo.

Vocês quem? Logicamente, as outras nações. Pois somente Israel fazia parte das promessas como diz o verso 12:

Naquela época (Antes de vir o Messias e Ele realizar sua missão) vocês estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros quanto às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. 

Pelo menos pra mim, é uma forma de pensamento antagônica ao dogma dos chamados pais da igreja.

Se alguns ramos foram cortados (Judeus), e você (não-judeu), sendo oliveira brava, foi enxertado entre os outros (Israel) e agora participa da seiva que vem da raiz da oliveira,não se glorie contra esses ramos (judeus). Se o fizer, saiba que não é você (não-judeu) quem sustenta a raiz, mas a raiz a você.
Então você dirá: “Os ramos foram cortados, para que eu fosse enxertado”.
Está certo. Eles, porém, foram cortados devido à incredulidade, e você permanece pela fé (confiança).Não se orgulhe, mas tema.
Pois se Deus não poupou os ramos naturais, também não poupará você.

Romanos 11:17-21

Para não ficar muito longo nosso texto, fico por aqui. Boa reflexão. Graça e paz do Messias de Israel que alcançou as nações.

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9 comments on “O problema da teologia da substituição

  1. Laerte Rocha abr 17, 2021

    Primeiramente, o articulista comete erros grosseiros de análise. Onde consta como dogma a teoria da substituição na santa Igreja?
    Não vou me estender muito pq o texto é um pouco rísivel, mas para que o ‘podcast’ não fique nas trevas da ignorância, vou indicar um documento ofcial da Igreja (de 1965!) que discorre sobre como deve ser nossa relação o Israel/judaísmo.

    https://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decl_19651028_nostra-aetate_po.html

  2. Ezequiel Diniz jun 16, 2018

    Muito bom. As promessas de Deus não passam!

  3. Daniel de Oliveira nov 5, 2015

    Só existe um Israel. O Israel da Fé. Como Paulo disse, a promessa dos descendentes de Abraão era segundo a fé na Graça. Deus derrubou o muro da separação, de modo que não existe um Israel que só tenha judeus remanescentes, assim como não existe um Israel que só tenha Gentios. Só existe um Israel justo e lavado na fé em Jesus. Povo de exclusividade de Deus. Parabéns.

    • Waguinho Vieira nov 6, 2015

      Dan é isso ai, a essência é que os gentios foram aproximados aos judeus (povo de Israel) mediante a confiança no messias de Israel, que logicamente é o messias universal pois não existe outro hehe. Como paulo disse a função de Israel como nação não foi cancelada, e dou graças ao Pai porque fomos enxertados, pois tanto Judeus como Gentios são pela fé (confiança no Messias) um só povo.

  4. Muito boa a reflexão, Waguinho. Infelizmente seguimos dogmas e doutrinas que não tem o menor fundamento bíblico.

    Lembro de certa vez que, em conversa com um amigo católico, onde ele me perguntou o que eu achava sobre a adoração de imagens. Mostrei a ele na Bíblia os textos que condenavam veementemente tais práticas. Ele ficou encucado, disse que iria perguntar ao seu padre sobre esses textos. Dias depois ele retornou com a resposta: O padre disse que realmente a bíblia condenava, mas era tradição da igreja. E essa tradição deveria ser respeitada.

    Veja como nós cristãos protestantes ou evangélicos criticamos os cristãos católicos, que se apegam a dogmas, muitas vezes suplantando a verdade bíblica, e nós fazemos o mesmo; muitas vezes em nem nos darmos conta.

    Parabéns pelo texto esclarecedor. Que venham outros!

    • Waguinho Vieira nov 6, 2015

      Verdade rodrigo, se a gente cavar vamos chegar a muitos dogmas meramente humanos que foram impostos garganta abaixo principalmente pelos pais da igreja, incluindo Lutero, Calvino e etc. hehe

      • Waguinho Vieira nov 6, 2015

        Não querendo desmerecer o que foi feito de bom por muitos deles, porém se a gente não aprender também com os erros e no lugar disso ficar passando a mão por cima, vamos sucumbir aos mesmos erros ou até mesmo piores hehe

    • Laerte Rocha abr 17, 2021

      Este relato é uma piada de mau gosto. Protestante, geralmente, é absolutamente ignorante sobre as Sagradas Escrituras.
      “Faze uma serpente de bronze e coloca-a como sinal sobre uma haste; aquele que for mordido e olhar para ela, viverá” (Nm 21, 8). Existe uma proibição expressa( Não matar, não cobiçar a mulher do próximo,…) e a relativa ( imagens, comida, roupas,…). Somente a Igreja tem autoridade(1Timóteo 3,15) para interpretar sem erros as Sagrdas Escrituras.

      • Laerte, 5 anos depois que esse texto foi originalmente postado, recebi esse seu comentário. Me dei ao trabalho de abrir minha bíblia e conferir esse trecho do que escreveu: “…Somente a Igreja tem autoridade(1Timóteo 3,15)”. O texto diz: “para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade”.
        Se você usou esse texto para justificar a autoridade da igreja, eu paro por aqui. Não tenho tempo e nem energia para seguir nessa discussão com “tão profundo” (fundo mesmo) conhecedor das escrituras…

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