Com a mesma velocidade com que recebemos notícias hoje em dia, chegam também os comentários recheados de opiniões instantâneas, mal pensadas, feitos no calor do momento. Com a adolescente estuprada por, pelo menos, 33 homens numa favela do Rio de Janeiro não foi diferente. Logo começou uma investigação social para saber mais sobre a vítima. Em sua página do FB verifica-se que a jovem não é um exemplo a ser seguido por outras da mesma idade. Mãe solteira aos 13, mensagens direcionadas a amigos marginais, mortos pelo tráfico ou em confronto com a polícia, etc… Entretanto, nenhuma postagem que ali fosse encontrada, ou as tantas outras inventadas, montadas e distribuídas via redes sociais deveria surgir como mínima justificativa para o ato monstruoso a que ela foi submetida.
Que a sociedade caminha a passos largos para fazer inveja ao povo de Sodoma e Gomorra não é novidade. Mas o que me assombra são os cristãos, amigos, próximos, que partem para os seus teclados no afã de postar alguma posição imediata, e acabam proferindo absurdos, causando um louca inversão de papéis, onde a vítima é a culpada e os agressores são deixados de lado.
“…Mas ela se vestia como uma piranha!”
“…Ela disse no FB que iria transar com geral!”
“… Estão afirmando por aí (ninguém sabe onde) que por R$50,00 ela fazia orgias!”
E então, eu me pego lembrando da passagem em que Jesus se encontra com uma mulher pronta a ser apedrejada por causa de seu adultério. É, amigo, naquela época era bem pior do que receber postagens ofensivas no Twitter…
Essa mulher, foi apresentada ao mestre, na iminência de ter sua vida ceifada por ter sido pega em um ato de adultério. O Homem adúltero, ninguém sabe onde estava. E eu penso que, talvez essa coisa de se culpar um dos lados, deixando o outro livre de responsabilidade talvez não seja tão moderna assim. Contudo, diante daquela pequena multidão de juízes da moral alheia, Jesus não abona a responsabilidade da mulher em um primeiro momento. Mas olha para baixo, começa a escrever com o dedo na poeira do solo, (sabe-se lá o quê) e diz para os “donos da verdade” que estava tudo certinho, de acordo com o script: Ela foi pega na cama com um homem, provavelmente casado, e a Lei judaica dizia que ela deveria ser apedrejada.
“Aquele que nunca pecou, pode começar…” – disse Jesus.
Silêncio no Facebook da época…
Um por um, todos foram depositando suas pedras no chão, envergonhados, com o coração pesado pelas palavras do mestre, se retirando em seguida. Quando Jesus ergue os olhos e vê que todos já se foram, restando apenas ele e a mulher, pergunta:
– Onde estão aqueles que te acusavam?
– Foram embora, Senhor – respondeu a mulher.
– Nem eu te condeno… Vai embora e não faça mais isso.
Assim, simples. Ele, como judeu e como homem sem pecado, tinha todas as razões do mundo a seu favor para que fosse ele mesmo o primeiro a atirar uma pedra. Mas ele opta por amar, por ser misericordioso, por ser perdoador, por entender que o amor ao próximo está muito além da dureza da lei escrita.
E eu deixo uma questão para todo aquele que se denomina seguidor de Cristo; CRISTÃO: Você tem sido misericordioso? Você está pronto a orar por essa jovem ao invés de dizer que a roupa dela era curta demais? Você está disposto a não julgar o ocorrido pelo prisma da moral que ela mesma apresenta em sua página pessoal do Facebook e, ao invés disso, entender que, por mais que as atitudes dela tenham contribuído para o ocorrido, não significa que ela desejou ser dopada e estuprada por mais de três dezenas de pessoas?
Só gostaria de deixar claro que não estou comparando a jovem de 16 anos com a mulher adúltera, ok? Estou falando daqueles que estão de fora, observando como Jesus agiria, com pedras na mão… Estou falando de você e eu.
Entenda que ir a igreja domingo é muito bonitinho, mas as suas palavras gritam muito mais alto do aquilo que você deseja aparentar para os outros.
Que sejamos menos juízes e mais acolhedores.
Nunca errou, jovem? Então atire a primeira pedra você mesmo.
Rodrigo Oliveira, servo, pecador, miserável, mas que busca em Jesus a força e o exemplo para a correção de sua própria moral humana.
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